Dias atrás tive a oportunidade rara de poder apreciar o pôr do sol de um dia e o nascer do sol no dia seguinte. Fico muitos e muitos dias sem reparar na existência, na beleza, nos espetáculos oferecidos pelo Astro Rei diariamente, e também por tantos outros elementos da Natureza, como as nuvens, a Lua, as estrelas, as árvores, as águas... e ponho - injustamente - a culpa na agitação da vida da cidade.
Observar esses espetáculos não deve ser mero procedimento contemplativo. É bem verdade que eles favorecem isso, mas preciso ir além. Contemplar trás para mim uma serenidade, uma tranqüilidade, a sensação de que o tempo corre mais devagar. Mas no momento em que o Sol se põe, ou que se levanta completamente, ou que a chuva passa, que o vento cessa... no momento em que viro as costas e volto à rotina, essa placidez desaparece. Então pergunto a mim mesmo: de que valeu?
A Natureza reflete manifestações de uma inteligência que a comanda; tem virtudes que posso colocar em prática em minha própria vida. O Sol me mostra a constância, cumprindo sem alterações o papel que a ele corresponde. É generoso, pois basta que eu abra os olhos para que me beneficie daquilo que ele oferece sem exigir em troca qualquer esforço. Os rios, em incessante movimento, me ensinam que assim deve ser também minha vida. Se me mantenho inerte, o tempo passa, a vida passa, sem que dela nada eu aproveite. As árvores se renovam sempre: passar o ano sem perder suas folhas e providenciar o nascimento de outras poderia representar para elas a morte. E quanto eu tenho carregado em mim de preconceitos, de enganos, de falta de capacidade, desde há muitos e muitos anos, sem sequer pensar em renovação? Como é bom ter um conhecimento a mais, um acerto a mais, tal qual uma folha verde e viva...
A contemplação da Natureza não deve ser estéril. Se eu aproveito esses momentos para realmente observar tudo o que ela tem para me ensinar, muito posso aprender. Está tudo aí, à vista, sempre pronto para ser observado. Grandes verdades emanam dos processos presentes na Natureza. Cabe a mim e a cada um fazer o melhor uso possível deles.
terça-feira, 31 de maio de 2005
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