Hoje o Globo Repórter trata da longevidade. Nada de muito novo no tema: o que fazer para viver bem na fase idosa, benefícios de determinados exercícios, a memória, novas esperanças para quem sofre de determinadas doenças...
E mostra pessoas que estão buscando formas de viver mais, de viver melhor. Desnecessário dizer que nós, o ser humano, todos queremos viver; não há alguém que não queira. Tempos atrás um dos meus avós me disse para que eu não envelhecesse, como ele, porque não era bom ser velho. Mas para não ser velho, só morrendo novo, disse a ele, e isso eu não quero. E não há mesmo quem queira.
A grande pergunta que fica para mim é: e por que quero viver? o que tenho feito da minha vida e o que pretendo fazer dela? que motivo tem o homem para trazer em si, por sua própria natureza, esse amor à vida, sem que seja necessário ensiná-lo a ser assim? Pergunte a qualquer um se quer continuar vivendo, e a resposta será unanimamente sim. Pergunte o que é a vida, o que representa, por que tem tanto amor a ela, e poucos responderão com alguma coerência. Digo, não uma coerência rasa, daquele que responde que ama a vida porque ama viajar, porque ama sua profissão. Nada contra quem ama viajar ou ama sua profissão, não é essa a questão. A questão é que essas respostas passam longe de responder à pergunta.
A mim me parece que há algo de grandioso por trás disso. Isso me permite fazer a seguinte reflexão: se o homem está aqui na Terra, é por algo maior. Não está aqui para viajar, para ser um excelente profissional, para ter uma bela casa e dar oportunidade para seus filhos irem à escola. Mais uma vez, não é que não se possa fazer isso, mas esses são apenas alguns aspectos da vida. O homem está aqui na Terra por esse mesmo algo que o faz ter tanto amor à vida; tem tanto amor à vida porque é ela uma oportunidade de realizar esse algo.
Não é algo que se responde facilmente, em um ou dois minutos, ou meses, ou mesmo anos... não quero dar aqui uma resposta. Sinto-me feliz em poder fazer esses questionamentos e buscar aos poucos a verdade que se esconde por detrás da minha ignorância. Penso que a humanidade tem muito ainda o que caminhar nesse sentido. Para satisfazer essas inquietudes, penso que crer em algo, simplesmente, não resolve. Respostas prontas endurecem a alma humana, e ela não foi criada para isso.
Que vivamos cada vez mais e cada vez melhor, mas também que esse tempo a mais sirva para buscar conhecer mais sobre a própria vida.
sábado, 15 de julho de 2006
segunda-feira, 6 de junho de 2005
A pressa, a pressa
Todas as pessoas muitas vezes agem de forma que não gostariam de ter agido. Dizem algo que não gostariam de ter dito, e depois não tem como voltar atrás. É comum que só se perceba o erro depois de ele ter acontecido. Como é impossível fazer o tempo voltar atrás, essas atuações e palavras equivocadas fazem com que a pessoa se frustre, se arrependa, diga para si mesmo que isso não vai mais acontecer. Porém a vida segue tal como era antes, e logo tudo acontece da mesma forma novamente.
Nos últimos dias comecei a observar algo que há muito me incomodava, mas que até então não tinha feito nada a respeito: a pressa. Especificamente, no trânsito.
Recordo-me de quando eu comecei a dirigir, assim que tirei minha carteira. Muito raramente eu dirigia apressadamente, e sempre com algum motivo. Não consegui entender ainda em que ponto isso começou a mudar... E hoje, o que acontece é: eu entro no carro (principalmente quando estou sozinho) e a pressa vem. Posso estar indo ou voltando, com ou sem tempo, de dia ou de noite, com trânsito ou sem trânsito, com ou sem horário marcado.
E o que acontece? Entre tantos prejuízos que não vou aqui enumerar, a pressa, em última análise, atenta contra minha própria vida. Ninguém está imune a ter problemas no trânsito, mas a pressa potencializa em alto grau os riscos que se corre.
Durante uma semana, me propus a não deixar com que essa pressa se fizesse presente. Isso necessitou de muito esforço. Eu já sabia - o primeiro passo - quando ela ganharia força, e por isso ao entrar no carro recordava-me desse propósito. Tive que estar atento o tempo todo. Por duas vezes ao longo da semana, ela sobrepujou o proposto e conseguiu fazer com que eu fosse apressado. Mas a atenção constante garantiu que esses momentos não passassem de breves segundos, ao fim dos quais a pressa já estava novamente em inatividade.
É lógico que isso foi um ensaio para vencer essa dificuldade. Foi uma semana em que não alimentei a pressa, contra anos em que ela vem se alimentando. Por isso, meu propósito deve permanecer forte. Se não busco verdadeiramente combater essa dificuldade, ou se imagino que o pouco que fiz foi suficiente, logo ela está de volta me causando os mesmos sofrimentos.
Tudo o que faço tem origem em minha mente. É preciso, pois, combater os erros ainda dentro dela. Depois que eles se materializam, não há arrependimento que me impeça de viver as conseqüências deles.
Nos últimos dias comecei a observar algo que há muito me incomodava, mas que até então não tinha feito nada a respeito: a pressa. Especificamente, no trânsito.
Recordo-me de quando eu comecei a dirigir, assim que tirei minha carteira. Muito raramente eu dirigia apressadamente, e sempre com algum motivo. Não consegui entender ainda em que ponto isso começou a mudar... E hoje, o que acontece é: eu entro no carro (principalmente quando estou sozinho) e a pressa vem. Posso estar indo ou voltando, com ou sem tempo, de dia ou de noite, com trânsito ou sem trânsito, com ou sem horário marcado.
E o que acontece? Entre tantos prejuízos que não vou aqui enumerar, a pressa, em última análise, atenta contra minha própria vida. Ninguém está imune a ter problemas no trânsito, mas a pressa potencializa em alto grau os riscos que se corre.
Durante uma semana, me propus a não deixar com que essa pressa se fizesse presente. Isso necessitou de muito esforço. Eu já sabia - o primeiro passo - quando ela ganharia força, e por isso ao entrar no carro recordava-me desse propósito. Tive que estar atento o tempo todo. Por duas vezes ao longo da semana, ela sobrepujou o proposto e conseguiu fazer com que eu fosse apressado. Mas a atenção constante garantiu que esses momentos não passassem de breves segundos, ao fim dos quais a pressa já estava novamente em inatividade.
É lógico que isso foi um ensaio para vencer essa dificuldade. Foi uma semana em que não alimentei a pressa, contra anos em que ela vem se alimentando. Por isso, meu propósito deve permanecer forte. Se não busco verdadeiramente combater essa dificuldade, ou se imagino que o pouco que fiz foi suficiente, logo ela está de volta me causando os mesmos sofrimentos.
Tudo o que faço tem origem em minha mente. É preciso, pois, combater os erros ainda dentro dela. Depois que eles se materializam, não há arrependimento que me impeça de viver as conseqüências deles.
terça-feira, 31 de maio de 2005
Virtudes na Natureza
Dias atrás tive a oportunidade rara de poder apreciar o pôr do sol de um dia e o nascer do sol no dia seguinte. Fico muitos e muitos dias sem reparar na existência, na beleza, nos espetáculos oferecidos pelo Astro Rei diariamente, e também por tantos outros elementos da Natureza, como as nuvens, a Lua, as estrelas, as árvores, as águas... e ponho - injustamente - a culpa na agitação da vida da cidade.
Observar esses espetáculos não deve ser mero procedimento contemplativo. É bem verdade que eles favorecem isso, mas preciso ir além. Contemplar trás para mim uma serenidade, uma tranqüilidade, a sensação de que o tempo corre mais devagar. Mas no momento em que o Sol se põe, ou que se levanta completamente, ou que a chuva passa, que o vento cessa... no momento em que viro as costas e volto à rotina, essa placidez desaparece. Então pergunto a mim mesmo: de que valeu?
A Natureza reflete manifestações de uma inteligência que a comanda; tem virtudes que posso colocar em prática em minha própria vida. O Sol me mostra a constância, cumprindo sem alterações o papel que a ele corresponde. É generoso, pois basta que eu abra os olhos para que me beneficie daquilo que ele oferece sem exigir em troca qualquer esforço. Os rios, em incessante movimento, me ensinam que assim deve ser também minha vida. Se me mantenho inerte, o tempo passa, a vida passa, sem que dela nada eu aproveite. As árvores se renovam sempre: passar o ano sem perder suas folhas e providenciar o nascimento de outras poderia representar para elas a morte. E quanto eu tenho carregado em mim de preconceitos, de enganos, de falta de capacidade, desde há muitos e muitos anos, sem sequer pensar em renovação? Como é bom ter um conhecimento a mais, um acerto a mais, tal qual uma folha verde e viva...
A contemplação da Natureza não deve ser estéril. Se eu aproveito esses momentos para realmente observar tudo o que ela tem para me ensinar, muito posso aprender. Está tudo aí, à vista, sempre pronto para ser observado. Grandes verdades emanam dos processos presentes na Natureza. Cabe a mim e a cada um fazer o melhor uso possível deles.
Observar esses espetáculos não deve ser mero procedimento contemplativo. É bem verdade que eles favorecem isso, mas preciso ir além. Contemplar trás para mim uma serenidade, uma tranqüilidade, a sensação de que o tempo corre mais devagar. Mas no momento em que o Sol se põe, ou que se levanta completamente, ou que a chuva passa, que o vento cessa... no momento em que viro as costas e volto à rotina, essa placidez desaparece. Então pergunto a mim mesmo: de que valeu?
A Natureza reflete manifestações de uma inteligência que a comanda; tem virtudes que posso colocar em prática em minha própria vida. O Sol me mostra a constância, cumprindo sem alterações o papel que a ele corresponde. É generoso, pois basta que eu abra os olhos para que me beneficie daquilo que ele oferece sem exigir em troca qualquer esforço. Os rios, em incessante movimento, me ensinam que assim deve ser também minha vida. Se me mantenho inerte, o tempo passa, a vida passa, sem que dela nada eu aproveite. As árvores se renovam sempre: passar o ano sem perder suas folhas e providenciar o nascimento de outras poderia representar para elas a morte. E quanto eu tenho carregado em mim de preconceitos, de enganos, de falta de capacidade, desde há muitos e muitos anos, sem sequer pensar em renovação? Como é bom ter um conhecimento a mais, um acerto a mais, tal qual uma folha verde e viva...
A contemplação da Natureza não deve ser estéril. Se eu aproveito esses momentos para realmente observar tudo o que ela tem para me ensinar, muito posso aprender. Está tudo aí, à vista, sempre pronto para ser observado. Grandes verdades emanam dos processos presentes na Natureza. Cabe a mim e a cada um fazer o melhor uso possível deles.
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